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sábado, março 25, 2006

Mutantes S21

Liars - Drum’s Not Dead

Escrever sobre Drum’s Not Dead, o terceiro álbum dos Liars, não é fácil; por muitas palavras que tentemos conjugar para descrever o que se sente a ouvir um disco desta dimensão fica o sabor amargo de tarefa não conseguida. Siga-se então pela via do aconselhamento e do atalho directo para o que poderia ser o epilogo de um texto sério acerca da obra, dizendo apenas que Drum’s Not Dead coloca, para já, os Liars no topo da curtíssima lista de grandes bandas deste início de século. E que todos os que estiverem a ler isto, gostem ou não da musica de que aqui se fala, sejam habituais ou esporádicos, conheçam ou não os Liars, não devem perder Drum’s Not Dead. Porque é um disco genial, o melhor que ouvi desde que por aqui vou escrevendo sempre que o tempo o permite. Porque vai ficar na história da música popular.
Brandon Stosuy critica o disco para a Pitchforkmedia, e quanto a mim está muito bem. Mas se quiserem, aqui e aqui há também opiniões esclarecidas.

domingo, março 19, 2006

Mandatory Psycho-Freakout

The Ladies – They Mean Us

Apesar de não ser um profundo conhecedor (nem pouco mais ou menos), das múltiplas e diversas aventuras de Rob Crow fora dos Pinback e menos ainda das de Zach Hill extra Hella, o que pode limitar a apreciação que este disco merece, há, mesmo assim, matéria para espraiar algumas linhas em relação ao que é They Mean Us, a estreia do duo como The Ladies.
Desde logo porque o joint entre duas figuras de dois mundos significativamente distintos pode simultaneamente despertar desconfiança e abrir portas teóricas para algo de novo, ou pelo menos, ainda não experimentado; mas também porque o resultado acaba por ser muito mais que simplesmente satisfatório. Ás familiares voz e guitarra dos Pinback, junta-se uma bateria que nunca baixa de uma extraordinária aceleração; à vontade de abrir asas e subir, amarra-se um desejo negro que puxa o volátil de encontro ao chão. E é nessa repartição de forças que reside a virtude principal de They Mean Us; no equilíbrio controlado que parece prestes a desfazer-se a todo o momento, mas que nunca acontece, porque se a bateria impede voz e guitarra de se perderem na estratosfera, estas evitam a descida, sem regresso, às profundezas. O sabor é, assim, uma espécie de agridoce e o disco roda horas sem parar, como um hipnotismo indesfazível, onde se entra pela porta dos Pinback, mas de onde a bateria dos Hella não nos deixa sair.
Um consolo.

terça-feira, março 14, 2006

Turn the TV off

Love is All - Nine Times That Same Song

Levo semanas a ouvir o disco, sem saber ainda como classifica-lo. Comparam-nos aos Yeah Yeah Yeahs, mas são muito mais lo-fi, soam muito mais genuínos e parecem muito menos arrogantes; fala-se em Blondie, ok, mas não é isso. Eu digo que o saxofone tem os seus momentos Psychedelic Furs, mas também tem algo de Madness, quando não se solta noutras direcções. Pulp? Também. Para sublinhar a confusão acrescente-se que do lo-fi exala uma energia infindável, que a entrega é genuinamente ingénua e que o álbum transpira amor, alegria e rara frescura. Será a Primavera antecipada?
São suecos e Nine Times That Same Song tem o selo What’s Your Rupture?, uma editora(zinha?) incrivelmente indie, mas que se prepara para, com um sorriso nos lábios, nos brindar a tromba com sobremesas de nome caUSE coMOTION baby ou Long Blondes.
Agora, é pegar no disco, desligar a TV; Love is All - o remédio para sorrir e dançar!
Disponível nas melhores farmácias.

sexta-feira, março 10, 2006

Rebellious Jukebox



Por vezes é preciso parar para respirar. Já devem também ter reparado que por aqui há um gosto pelas capas dos discos. Estes foram a minha companhia ao longo dos últimos tempos e só a falta de tempo me impede de falar deles, como de resto mereciam; não lhes posso chamar sobras de 2005, porque de facto, de sobra nada têm. São, isso sim, todos muito bons.
Se os virem por aí, dêem-lhes a oportunidades que merecem!

segunda-feira, março 06, 2006

Shooting Icicles

Wilderness – Vessel States

Dura apenas uma mão cheia de dias o post que aguça o apetite para Vessel States, 2º álbum dos já magníficos Wilderness e ao qual aparentemente só em Abril a Gravilha deitaria a mão e o ouvido. No entanto, como um desejo pedido a um biónico mágico da lamparina, Vessel States chegou. E mais que não desiludir – o que por si só já seria um feito – deixa-me outra vez de rastos. A marca é uma subtil evolução, de onde sobressai a guitarra - mais lenta e mais límpida, menos escondida, a fazer lembrar Maurice Deebank dos Felt era The Splendour of Fear / The Strange Idols Pattern and Other Short Stories – e a voz vulcão de James Johnson, agora com a lava mais à superfície num misto de raiva e frustração ainda mais dorido (mesmo que, adivinha-se, sem conseguir escapar à comparação preguiçosa com John Lydon). A bateria-trovão continua bateria-trovão; o baixo, não parece, mas está lá.
The Blood Is On The Wall, Beautiful Alarms, Emergency, Last, Fever Pitch,
Death Verses, sucessivos ricochetes na escuridão até Towered, a antecâmara da explosão fantasmagórica que é Gravity Bent Light; Vessel States é outro buraco negro ao qual não adianta resistir – a repetição em Monumental serve de prova real.
Wilderness. Obra-prima nº 2.

quinta-feira, março 02, 2006

Welcome To The Hard Times. You're Late

Já por aqui se tinha falado da Skyscraper Magazine; o número 20 (Winter 2006) saiu e chega mais uma vez carregado de excelentes entrevistas, reveladores perfis de novas bandas e esclarecedoras reviews de centenas de novas edições. Sem dúvidas sobre a temática da publicação – indie e só, se é que assim se pode falar – reconheça-se no entanto a diversidade dos sub-géneros abrangidos e a pluralidade dos escribas de serviço. Entre novidades fresquinhas, isto é, bandas que nunca tínhamos ouvido ou sequer ouvido falar, e alguns dos nomes/discos que já vão fazendo as nossas delicias - a publicação é trimestral e as noticias agora correm depressa -, ficam alguns dos tópicos que os mais assíduos na Gravilha não deveriam perder: Wilderness (entrevista), Quintron & Miss Pussycat, Intelligence, Vaz, Prurient, Indian Jewelry, XBXRX, The Planet The e muito, muito mais. Como referido em post anterior, a aquisição na Europa é mais ou menos complicada, no entanto, e depois de alguma pesquisa, funcionou o contacto da Deleted Art, uma das distribuidoras da Skyscraper do lado de cá do Atlântico, que com um serviço eficiente e simpático consegue, a partir da Suécia, pôr em Portugal a coisa em pouco tempo e por pouco dinheiro; ainda mais surpreendente foi a descoberta do excelente catálogo da Deleted Art na sua vertente de editora discográfica, do qual há a destacar:
CURSE OF THE BIRTHMARK - Welcome To The Hard Times... You're Late (EP 12”)
THE MAE SHI – Go Zbra (CD)
EXPERIMENTAL DENTAL SCHOOL - 2½ Creatures (CD)

sem esquecer o Dreamed Yellow Swans dos D YELLOW SWANS

Não se recomendam, portanto, atrasos na leitura e audições!