s. f., gravilha@gmail.com

domingo, dezembro 31, 2006

Hopes & Little Jokes

De Rosa – Mend
The Librarians - Alright Easy Candy Stranger
Iron Hero - Safe as Houses
Bon Savants - Post Rock Defends the Nation

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Christmas Tree On Fire

Quadra Natalícia ainda a decorrer, logo não será demasiado tarde para menção a algumas das colectâneas que nos chegam nesta altura do ano dedicadas à mesma, naquilo que parece ser mais aproveitamento comercial da coisa que outra coisa qualquer. Anyway, algumas peças de relevo têm-se acumulado desde há alguns anos e outras parecem agora querer aproveitar a maior disponibilidade dos bolsos de quem vive no 1º Mundo; ainda assim há, aqui e ali, alguma genuinidade na intenção e por outro lado poderá haver também alguma vontade de ouvir canções que só se ouvem mesmo no Natal.
Tomando como ponto de partida um dos (bons) clássicos da época - Fairytale of New York (Pogues c/ Kirsty MacColl) – passando pelo também já habiual EP dos Low – Christmas ou pelo We Three Kings: Christmas Favorites dos Rev. Horton Heat, eis alguns dos discos entretanto postos a circular subordinados ao tema, de conteúdo minimamente interessante:

Kindercore Records Christmas, Vol. 2 (Kindercore Records – 2003)
A Santa Cause "It's A Punk Rock Christmas" 2 (Immortal Records)
It's Not Like Christmas (izumi records)
A Winter's Night (Nettwerk Records)
Songs For Christmas - Sufjan Stevens
Christmas Tree On Fire - Holly Golightly
Rockin' Around The Christmas Tree - Daniel Johnston
It's Christmas Time Again – Magoo
Fugindo já um pouco ao tema, mas também enquadráveis, digamos assim, há ainda, e por exemplo, o single What a Wonderful World - Nick Cave/Shane MacGowan ou a colectânea See You On The Moon, if you know what I mean.

So, Santa: You got the blues?

Foto: Pedro Medeiros

terça-feira, dezembro 12, 2006

Um Pós-Jornal


A falta de tempo fez com que até agora não tenha falado de um dos mais relevantes acontecimentos do ano relacionados com a música em Portugal, mas mais que isso, que só ao número zero quatro tenha percebido o que é realmente o Um.
O Um, se é que ainda não perceberam, “é um jornal de música e das outras artes todas, de entretenimento e de sociedade e de politica”, sai quinta-feira-sim/quinta-feira-não, tem pés e tem cabeça, tem bom gosto, e mais que isso tem coração; ao número 4, e isto é mais mérito do Um que teoria “em terra de cegos...”, revela uma alma e o brilho que só as publicações, ou fases da vida de publicações, imprescindíveis podem revelar.
O nº 04 vem pois carregado de motivos de interesse: na metamorfose dos Astonishing Urbana Fall em La La La Ressonance, na mais-que-essencial pré-história da geração pós-hardcore de Lisboa e arredores que inclui, por exemplo, os Caveira e os Linda Martini, no destaque aos Osso, no filtro de uma série de edições/espectáculos e numa topologia dos anos 80 a propósito da mostra de arte patente em Serralves.
O Um é gratuito, e lá por ser gratuito e por estar à mão de semear numa série de locais do litoral português (e em todo o mundo via Internet), não deve ser abandonado, olhado de lado e deixado para o fundo do monte de leituras que nos custaram os olhos da cara; o que verdadeiramente importa é um enorme mundo que há dentro de cada Um.
Os pés do Um são criados por França Gomes, a cabeça e o coração são do Eduardo Sardinha e do Jorge Manuel Lopes e as mais belas ilustrações da imprensa em Portugal são criadas pela Rita Carvalho.
Haja alma para perceber a alma do Um; para o Um, que me devolveu o entusiasmo e a expectativa que há longos anos a palavra terça-feira tinha nas costas, haverá sempre tempo – agora ás quintas - quinta-feira-sim/quinta-feira-não.
O próximo é no dia 14. Já só faltam dois dias.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

How to reduce your chances of being a terror victim

Uma breve pesquisa por aqui revela quase instantaneamente uma falta de destaque para bandas inglesas, imprevisível há 25 anos atrás; aliás, os destaques em falta nada têm a ver com bandas inglesas, têm a ver com discos novos de bandas novas inglesas.
Felizmente nas últimas semanas, da razoável série de discos que me chegaram às mãos, chamou-me a atenção o facto de uma considerável parte deles serem assinados por friends in the UK.
Destaque para o EP dos The Horrors (e atenção para não serem confundidos com os homónimos do outro lado do oceano…), que revela uma entusiasmante descendência dos Cramps/ Screamin' Jay Hawkins em mistura a negro com blues dos Doors e um visual Ramones / Larry Clark's Wassup Rockers, mas com bons penteados. Da mesma costela são os Xerox Teens e os NEiLS CHILDREN, rock negro, sangue e suor, baixos da escola David J; e o sotaque british fica mesmo a matar.
Em linhagem mais underground, experiências e escola Fall / Prolapse, os Skill 7 Stamina Dead regressam para o 2º álbum e partilham o label com os The Rebel e um excelente split com os não menos extraordinários Socrates That Practices Music que merecem também as melhores atenções.
Já agora fica o destaque para o álbum estreia das Long Blondes, a provar que há quem resista ás pressões mediáticas e que só se aventure em formato longo depois de várias etapas bem percorridas; e apesar da rotulagem Blondie que por aí circula, eu diria que as Long Blondes são as irmãs mais fixes dos Echobelly.

See yer mate..Yeh...see yer mate

sábado, novembro 11, 2006

In-Flight Instructions Are A Joke, Say I


Registo de álbuns ainda não comentados por aqui, em heavy rotation nas últimas semanas.

The Black Angels – Passover
The Big Sleep - Son Of The Tiger
The Isles - Perfumed Lands
Tap Tap – Lanzafame
Shooting At Unarmed Men - Yes! Tinnitus!
Electrelane - Singles, B-sides & Live
Chin Up Chin Up - This Harness Can't Ride Anything
The Little Ones - Sing Song EP
OH NO! OH MY! – S/T
Young Widows – Settle Down City
120 Days - 120 Days
Ad Astra Per Aspera - Catapult Calypso
Slumber Party – Musik
Super Love Attack - This Up Here

sábado, outubro 28, 2006

Clouds Question Their Existence



The Faintest Ideas - What Goes up Must Calm Down
Please Step Out Of The Vehicle - Sleeping Right and the Best In Homeopathic Magic
Aneuretical - Million Dollar Man
Nassau - Machines to Paradise

segunda-feira, outubro 23, 2006

Why can't I ever say what I mean?

Mais de metade do tempo que dedico a ouvir música é destinado a ouvir música nova; isto é, discos novos, bandas novas. A outra menos que metade, é aproveitada a ouvir os Fall e uma série de outros grupos/discos que apareceram entre 1977 e 2000, sendo que a grande maioria do tempo que resta dessa menos-que-metade-menos-os-Fall é passada a ouvir coisas que aparecerm entre 80-81 e 89. Nos últimos dias ouvi muito estes dois magníficos discos; aliás, desde que os conheci – à altura das respectivas edições em 87 e 89 - nunca me cansei de os ouvir e acho que são dos melhores discos que conheço. Se por acaso não lhes puseram os ouvidos em cima, ou andam há que tempos para lhes dar a atenção que acham que eles podem merecer mas vão adiando para outro dia, aproveitem este dias de chuva para ouvir as melhores guitarras do final da década de 80, a melhor pop inglesa pós-Smiths.
The Wedding Present – George Best
The Wedding Present – Bizarro

Reedições alargadas, repackaged & remastered recommended; nas sleevenotes de Bizarro, Mark Beaumont escreveu:
It can only be a matter of bad timing that "Bizarro" wasn´t hailed as a groundbreaking rock record on it´s release.
It appeared at a time when The Stone Roses and Happy Mondays were shuffling in the Ecstacy-addled baggy scene and only American bands were allowed to make dirty great guitar records without a trace of funky Drummer. In the Second Summer Of Love of 1989 a loud, angry, angsty guitar pop record seemed out of time, way off the groove maaaaan. It´s only in retrospect - and on the other side of grunge. fraggle, New Wave of New Wave and britpop scenes wich, to a lesser degree, stole from it - that is true value can be assessed.
"Bizarro" was the point where British guitar music realised it could be tuneful and enormous. It set a blueprint that was stuck to by legions of alternative rock bands for the next decade. It was, quite simply a pop album the size of Pluto and with as devastating an effect if it hit you in the gut. And without its lingering influence on rock music, Belle and Sebastian would currently rule the world. And that would really be heartbreaking.

Cheers David!

Nota:
Something and Nothing é um dos mais dedicados sites mantidos por fans que alguma banda algum dia teve; recomenda-se uma volta atenta por lá. Entre outras coisas há um scan completo do livro The Wedding Present – Thank Yer, Very Glad, escrito por Mark Hodkinson e publicado pela Omnibus Press em 1990 (logo a seguir ao Bizarro, portanto).

domingo, outubro 08, 2006

Sugar Laced Soul

The Diableros - You Can't Break The Strings In Our Olympic Hearts

Condensado de parte do melhor de 3 mundos – a paixão dos Arcade Fire, a intensidade dos Interpol e o rock cavernoso dos Gallon Drunk - You Can't Break The Strings In Our Olympic Hearts é a estreia a negro dos Diableros, que agarram num corpo rock em aparente decomposição, colam membros e entranhas com o som de um farfisa roufenho depois empastelados e servidos numa bandeja para a qual há um convite para olhar através de uma lente convergente que lhe desfoca a imagem.
É certo que, ao ouvir a estreia do sexteto de Toronto, qualquer um de nós poderá questionar-se acerca da competência da produção, mas os relatos dos concertos não deixam qualquer dúvida - o som do disco foi pensado para ser mesmo assim: empastelado, desfocado.
Aqui, mais do que o que se ouve, há que usar os sentidos e a imaginação e esperar; se a imagem focar, o corpo reconstituído que está para lá da lente é também o nosso.

Don't you know why people love one another?
It's so they can feel their hearts beat together.



segunda-feira, setembro 25, 2006

Impossible Sightings Over Shelton


The Victorian English Gentlemens Club
Forward Russia - Give Me A Wall
Tokyo Police Club - A Lesson in Crime
A+E Line - Train Wrecks

Cada um destes deverá ter espaço privado por aqui, mas por agora, sem tempo para mais, fica o grito de alerta:

LEEDS, CARDIFF, TORONTO E A SOUTH COAST INGLESA ESTÃO A ARDER!!

sábado, setembro 23, 2006

Book of Baby Names



Bound Stems - Appreciation Night
The Receiver – Decades
Big Big Car - Limestone Throne / Kid Fight
The 1900s - Plume Delivery


Da generosa quantidade de boas novidades que uma indústria discográfica em profunda mudança proporciona aos mais atentos, fica o registo para 4 nomes a seguir com toda a atenção; destaque para os Bound Stems que excedem todas as (boas) expectativas que o EP The Logic Of Building The Body Plan tinha criado, colocando-se no topo da lista das bandas do momento com um disco absolutamente extraordinário.
Recomendações mais que sublinhadas para os estreias em formato longo dos Receiver e Big Big Car e para o delicioso EP dos 1900s.
PEACE ATTACK!

sábado, setembro 16, 2006

Here’s Why Dancers Smoke

Soccer Team - “Volunteered” Civility and Professionalism

Ryan and Melissa have made a beautiful album of short modern-life pop songs, recorded in an experimental way - you haven’t heard this record wihtout headphones on.
The songs on “Volunteered” Civility and Professionalism twist and turn on their quiet rock axis, the lyrics are always aware and at once personal; similar style to the Evens experimentalism as a duo with perhaps more of a K records pop edge. Both Ryan and Melissa have worked for Dischord Records.

Acrescente-se que Ryan Nelson é (ou foi) uma das figuras dos Beauty Pill e que a dupla assina 14 belos momentos pop, esquelético na forma lo-fi, mas de denso e elaborado conteúdo e que são em 2006, e a par dos Evens, a prova da capacidade de reinvenção no cada vez mais pop catalogo da Dischord.
Head inside!

quarta-feira, agosto 30, 2006

segunda-feira, agosto 28, 2006

Professor Murder Rides The Subway

Ecos de um percurso arrasador no circuito undergound nova-iorquino e tentativas de classificação que passam por dub-punk ou funk dance punk pop rock-hop music a que os Professor Murder respondem com Happy Hardcore! Professor Murder Rides The Subway, um EP de 5 temas, é (não tenho dúvidas) o melhor disco de música para dançar dos últimos anos.
Uma lista de referências que acordasse e ganhasse vida, despertaria com os A Certain Ratio, tomaria o pequeno almoço com os Happy Mondays, talvez saísse à rua com os Compag Velocete (se alguém se lembrasse deles), apanharia o metro com os Les Savy Fav e não terminaria o dia sem piscar o olho a uns certos Liars ou aos LCD Soundsystem; mas isto seria sempre uma pequena parte de um dia cheio de detalhes, memórias e muito gás.
That's right, we came to party. Street by street, block by block funciona como um manifesto de intenções aparentemente simplório, mas à parte a colagem ao apelo à guerrilha urbana, o contágio é mesmo inevitável. E transforma-nos em alegres zombies dançantes.

quinta-feira, agosto 24, 2006

Two Exclamation Points

Remonta a 2004, mas é como se acabasse de sair agora mesmo do forno; e mesmo que a referência aos primórdios dos XTC e a alusão aos Futureheads ou Hot Hot Hot possam aparentemente deixar o vislumbre algo bafiento, desenganem-se, por aqui há perfume. De Austin, Texas, entretanto trocada por Brooklyn, a estreia dos Volcano I’m Still Excited!! é um exercício pop de extraordinário bom gosto, algo pós-punk, sim, marcado por um órgão arrastado quase que roubado às The Organ e delineado por coros e melodias de aparência discreta, mas de rápida assimilação e prazenteira e prolongada digestão. O que é frenético nos Futureheads é aqui tranquilo e seguro; o que é espalhafato nos Hot Hot Heat espreita com descrição. Pelo meio há polvilhos de água fresca na forma de solo piano ou cantiga acompanhada de piano e trompete. Ah, e a produção é tão exemplar que não consigo imaginar alguma destas canções com melhor apresentação. Aguardam-se novas erupções para breve. I’m Still Excited!!

domingo, agosto 20, 2006

Howl Howl Gaff Gaff

Já com a digestão feita da ultima (e para mim única) noite de Paredes de Coura ficam algumas notas soltas sobre o que por lá aconteceu.
- A chuva atrapalhou e muito.
- Os Cramps desiludiram – pouco tempo e as minhas canções preferidas ficaram de fora; ainda assim, a molha valeu a pena.
- Os Bauhaus não desiludiram – mas é o melhor que posso dizer.
- Os !!! deram mais um excelente espectáculo, mas não sei se pela chuva ou por já não haver o mesmo efeito surpresa, ficou algo aquém do ano passado.
- O melhor do dia foram os Shout Out Louds, e mesmo sem ter estado lá nas noites anteriores – apenas vi os Bloc Party em transmissão televisiva – quase que aposto que este foi o melhor concerto do festival; energia e gozo juvenis, versões live com um bocadinho mais de pedalada que as de estúdio, a voz ainda mais Robert Smith que no álbum – o que não é defeito -, algumas canções novas (todas maravilhosas) e um local perfeito para a musica dos Shout Ot Louds; foi pena o público não as saber todas de cor como eles merecem. Mesmo assim, a adesão foi interessante e de certa forma mais sincera e genuína que a outros mais consagrados.
Como consequência acho que não ouvi outra coisa desde que entrei no carro na 5ª à noite (e hoje já é domingo).
Howl Howl Gaff Gaff!!

terça-feira, agosto 01, 2006

Drastic Measures

Passam em rotação acelerada sala-quarto-carro-escritório e deixam marcas. O Goth-Disco-New/No-Wave de um vício violento chamado Nightlife das Erase Errata, a introspecção indie de Hallelujah Sirens dos Dirty on Purpose, as mantras ambient-rock Chicago-School no hipnótico Bells Break Their Towers dos Bright e a uma enorme surpresa chamada The White Belt is Not Enough que após sucessivas audições revela uns Moggs muito para além da tarja Sonic Youth 85-87 - o tom Siouxsie de Miss Minor é só uma das delicias.
Entretanto espreitam também os iLiKETRAiNS (com certa desconfiança…), o EP dos Voxtrot, o magnifico Shut Up I’m Dreaming dos Sunset Rubdown, o som L7entiano das Magneta Lane, o billy-cabaret dos Fever e o noise de prego a fundo dos Parts & Labor.
Tanto motivo de interesse dá para tirar umas férias e saborear tudo com calma; começar pelas Erase Errata pode ser um erro esclarecedor ao ponto de ao 2º dia já não restarem dúvidas acerca da oportunidade das mesmas.

They’ve got a law in the desert
They’ve got a law to help each other
Where everybody has a gun
Everybody has a knife

…according to Hoyston (Erase Errata), who conjures her most memorable encounter with Fall guy Mark E. Smith: "I was a smoker back then, and Mark E. Smith walked right up to me and took my cigarette right out of my hand as I was putting it up to my lips and smoked it all the way down to the filter and then flicked it at me and said, 'See ya, kid.’…

domingo, julho 30, 2006

It Hurts to See You Dance So Well

A propósito de We are The Pipettes, a estreia em formato longo das Pipettes, chegam-me à memória recordações dos velhos festivais da canção com que cresci e que foram um acontecimento musicalmente relevante, eu diria, até ao final da década de 70. E são canções como estas que me fazem pensar que existem uma série de bandas, europeias ou não, que poderiam fazer um festival da canção cheio de bom gosto e canções realmente “festivaleiras”, como diziam os locutores da RTP da altura. Ora vejam lá se concordam: The Pipettes, Camera Obscura (que, a propósito, fizeram um dos melhores discos deste Verão), Acid House Kings, Raveonettes, Richard Hawley, Tullycraft, Stereolab, Belle and Sebastian, Broadcast, Shins...
Estou certo que me vou lembrar de várias outras já a seguir, mas isso não importa muito, creio que já perceberam a ideia. Os nomes acima merecem um evento cheio de brilho, com transmissão em directo e genérico Eurovision a abrir!

quarta-feira, julho 12, 2006

Strawberries

Mais que cabeça baixa e olhos nos pedais de efeitos, por shoegaze dever-se-á entender sonhos e melodias escondidos por muralhas de distorção. Mais de década e meia depois, e depois das viagens locomovidas pelo vapor agora-lendário dos Jesus and Mary Chain – no fundo os pais da coisa - My Bloody Valentine, Spacemen 3, Loop, Slowdive e uns quantos outros nada desprezíveis, há novos sonhadores que reinauguram caminhos, rumos às estrelas tingidos a vermelho ácido e doce.
Dins, dos Psychic Ills é de todos o que mais vicia, Loop versão 2006, weird-shoegaze nocturno. A viagem segue, pelo finalmente-por-cá grandioso estreia dos Serena Maneesh, por Despondent Transponder dos Fleeting Joys – o Loveless da fornada e pela abordagem mais Lush-y dos Asobi Seksu em Citrus (que se segue a um estreia um tanto ou quanto irregular e muito mais My Bloody Valentine).
Refrescos de conteúdo revigorante. Consumam-se sem qualquer tipo de restrições e rasguem-se os tímpanos outra vez para alcançar aquela melodia lá atrás.

terça-feira, junho 27, 2006

Here Comes Trouble

Evangelicals - So Gone

De Norman, Oklahoma, a curiosamente mesma dos Flaming Lips, Evangelicals e o álbum estreia So Gone; pop em rica mistura de ingredientes que passa pelo space-rock dos conterrâneos, pelos Pavement, outros psicadelismos diversos e até ambientes Aphex Twin era Selected Ambient Works.
A tentação de agrupar o disco com Return to the Sea dos Islands, The Loon dos Tapes’n Tapes ou Demon dos Envelopes foi quase inevitável, mas, e considerando que ainda assim há pontos de intersecção, talvez tenha surgido pela falta de prateleira para qualquer um destes extraordinários objectos que, de qualquer forma, devem (se não pela linha genealógica pelo menos pelas portas que foram abertas ao “género”) parte da sua existência ao sucesso dos Arcade Fire e à redescoberta e reclassificação de In the Aeroplane Over the Sea dos Neutral Milk Hotel.
Mas isto se calhar é pura bullshit. O que interessa é mesmo ouvir um dos grandes discos dos últimos meses.

Entretanto, e dado o justo destaque em forma de post que cada um deles merece mas não teve por aqui, seguem-se algumas recomendações soltas que fazem parte da banda sonora destes dias de tempo escasso.

Human Television - Look at Who You're Talking To
Built to Spill - You in Reverse
Run Chico Run - Slow Action
Envelopes - Demon
The M's - Future Women

segunda-feira, junho 12, 2006

From Now On This Will Be Your God

NME C86


Foi há 20 anos.
22 músicas, 22 bandas, nada foi igual depois da colectânea (NME 022, já agora) que, numa referência às habituais designações adoptadas pelas cassetes usadas para gravações caseiras (C60, C90, etc.), saiu com a edição semanal do NME.
Para uma (pequena?) parte da minha geração (what the fuck is that?) algo foi diferente no imediato, no pós-imediato e no que se ouve ainda hoje. Para percebermos parte dos porquês leia-se o interessante ensaio de Krister Bladh, do Departamento de Musicologia da Universidade de Lund e um questionário a Everett True publicado na Plan B Magazine.
A ilustração sonora é obrigatória e pode ser encontrada aqui.
Em 2006 a (boa) descendência da C86 anda por aí; right, Human Television?

sexta-feira, junho 09, 2006

They are crazy and want to cover you in mayonnaise

Russian Spy Camera - You Are A Vulture

De Athens, Georgia, com mínimos de notoriedade comprovados por algumas primeiras partes para os Evens, uma banda e um disco que despontam e têm tudo para despertar a nossa atenção; por aqui há surf, há pop inglesa anos 90, mas há sobretudo muita alegria e uma vontade indomável para nos dar música neste Verão.


Na capa de You Are A Vulture surfa-se, aqui bebe-se e dança-se.

happy happy birthday to me…? É o selo e merece mui atentas visitas.

SPY THEM!

terça-feira, junho 06, 2006

Mutilation site

Mécanosphère – Limb Shop

Alguns amputados experimentam o fenómeno de sentir partes do corpo que já não lá estão, mas que podem doer, dar comichão, ser sentidas como se estivessem a mexer.

É com base nos “fantasmas da amputação” que os Mécanosphère partem para o terceiro longa duração (a que se acrescenta o EP estreia Lobo Mau) e desta vez o resultado das sessões de estúdio é muito bom (e bastante diferente dos anteriores); diluindo a voz e os gritos de Adolfo Luxúria Canibal numa amálgama feita de pasta negra dub-ambient-noise-electrónica-free jazz/rock, Limb Shop é um caldeirão fervilhante onde vozes, gritos, sons distantes de saxofone e de elementos de cordas, rodam, emergem e submergem, como um sonho que dispara em mil direcções e perde a memória e a certeza de si mesmo, percorrendo sem cessar recordações de momentos (membros) fantasma, ora tranquilos, ora inquietantes e dolorosos.
E é nesta amálgama que reside parte da virtude do álbum, porque desta vez voz, sons e prosa são um todo homogéneo e Limb Shop é muito mais aquilo que são os Mécanosphère ao vivo. Por aqui já se suspira por eles em palco; no entretanto ouve-se, sem parar, este disco fabuloso.
Mécanosphère – Limb Shop
Benjamin Brejon, Adolfo Luxúria Canibal, Scott Nydegger;
Com: Le Pilote Rouge, Henrique Fernandes e o lendário Steve Mackay.
Edição Ragingplanet/Base Recordings/Fonoteca Municipal de Lisboa, 2006

sexta-feira, maio 26, 2006

Upon This Tidal Wave of Young Blood

SOMEONE STILL LOVES YOU BORIS YELTSIN - BROOM

Dear Unknown Band From Middle-of-Nowhere Missouri,

How do I love thee? Let me count the ways. Firstly, your name, which tickles me in ways I don't fully understand. Secondly, your singer's voice, like a friendly, joy-buzzed handshake from the Mendoza Line alternated with the emotional embrace of a Bright Eyes or Elliott Smith. Thirdly, your occasionally geeky sense of humor, evident in your sentence-length moniker and songs like "Pangea," in which you winkingly excavate the similarities between two drifting lovers and the fractured demise of Earth's original monocontinent. Fourthly, and most importantly, the fact that your debut is one of those rare albums where every song is crafted, delicious, and essential. This is disgusting, really, given the fact that the oldest member of your band is only 22.
Yours truly,
Chris Baty -
S.Francisco Weekly


Critica um bocadinho mais séria é aqui (há também 3 canções para ouvir). Frescura pop a rodos, os Someone Still Loves You Boris Yeltsin podem mesmo estar para 2006 como os Clap Your Hands Say Yeah estiveram para 2005.

SOMEONE STILL LOVES YOU BORIS YELTSIN IS THE THIRD BEST BAND ON WELLER STREET IN SPRINGFIELD, MISSOURI. THEY JUST RECORDED A CD CALLED BROOM. YOU SHOULD BUY IT BECAUSE IT IS GOOD MUSIC THAT WILL MAKE YOU HAPPY.

terça-feira, maio 23, 2006

The Creatures from the Black Leather Lagoon



PAREDES DE COURA, 17 de AGOSTO de 2006!!

sábado, maio 20, 2006

The Unfinished Revolution

Já não é novidade, mas uma baixa de preço significativa fez com que finalmente nos encontrássemos.
São 26 capítulos, recortes das mais importantes cenas musicais entre 1978 e 1984, juntos e emoldurados; o surgimento das editoras independentes no Reino Unido, as cenas de Manchester, Sheffield, Liverpool e Escócia, a No Wave, o Ska e o Goth, o Synthpop, o Industrial e o Art-Rock, toda a urgência e ideais de uma época dissecados em quinhentas e muitas páginas que se devoram num ápice e se guardam à cabeceira da cama como obra fundamental de consulta.

O Simon Reynolds anda por e continua a iluminar, esticar e mimar o nosso cérebro.

“Not just a great study of a remarkable musical era, but one of the first important historical studies of the eighties”

terça-feira, maio 09, 2006

Fall Heads Roll

... again.

A ilustração não tem muito a ver com o assunto, que neste caso é - The Fall US Tour Chaos (parte 327) - no entanto o poster fica bem em qualquer lado, por isso não resisti.
Desta vez, e por causa de uma casca de fruta atirada, não pelo público, mas pela banda que tinha feito a 1ª parte do concerto de Phoenix, AZ, os Fall desmembram-se de novo (e mais uma vez em palco). A primeira parte da história está aqui e continua. O novo line-up (até ver) é este.
Nesta altura, e para os que acompanham mais de perto os Fall, esta é apenas mais uma parte da enorme e acido-hilariante história de um personagem de nome Mark E. Smith (a quem chamam Mr. Burns num dos artigos referidos acima).
Para os que quiserem agora entrar nesta montanha do absurdo recomendo os 3 últimos livros desta lista. E a puta da discografia toda.

The flag is evil
Welcome: living leg-end
I was walking down the street
I saw a poster at the top
I was only on one leg
The streets were fucked
And the poster at the top of street said:
“Do you work hard?”

Blindness – Fall Heads Roll

sábado, maio 06, 2006