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segunda-feira, novembro 14, 2011

take off!

ao invés de outras bandas que surgiram no mesmo período punk/pos-punk - que se extinguiram sem mais reaparecer, ou que se reformaram anos depois, normalmente sem resultados de interesse - os fall, isto é, mark e. smith, seguiram um percurso, em que sempre enfrentaram o desafio de fazer algo novo, inteligente, diferente. uma brevíssima e interessante introdução ao percurso dos fall foi feita há dias por sasha frere-jones no new yorker. leiam, s.f.f.
ersatz gb, o 29º album e 3º com o actual line-up, prova mais uma vez que no meio da instabilidade que sempre caracterizou a formação dos fall, os melhores resultados aparecem quando à volta de mark e. smith há uma banda estável; e que a estabilidade emocional que o matrimónio lhe parece proporcionar é fundamental.
ersatz gb é um veiculo para que as observações sulfurosas acerca do quotidiano e da realidade que o rodeia; menos literatura, mais televisão, mais casa, mais pormenores na vida de um adulto que se aproxima dos 60 anos.
o álbum abre com cosmos 7, secçção ritmica a 300 km/h, um tgv que sai da ponta da guitarra e se cruza com avisos electrónicos de excesso de velocidade e a voz de um maquinista que parece perguntar se esta merda toda é normal. taking off é uma revisita, uma ramificação de outras canções dos fall; a mesma electronica revista e actualizada, a mesma poesia do absurdo, os samplers de algo parecido com os dead can dance. nate é sangue a sair pela boca em golfadas crescentes sobre espirais de guitarras: nate, mate, state, mark, o tele-espectador cuspidor. mask search é rockabilly em nome próprio e vómito sobre... i'm so sick of snow patrol and where to find esso lubrificants...
em greenway mark tem, finalmente, a sua oportunidade como vocalista de uma banda heavy metal. happi song. o volume baixa para se ouvir mrs smith em toada nico. seria apenas uma especie de mouth cleaner entre degustações, mas os inacreditáveis coros de mark e as repetidas escutas para os decifrar, tornam-na num dos momentos de ersatz gb. ao qual se segue laptop dog, o single.
para o fim, talvez o melhor: em monocard regressa o tom épico da decadência, a versão é retro-futurista. i've see them come e age of chang abrem ainda mais hipóteses na mistura entre gravações live de baixa qualidade e a fidelidade do estudio, que os fall exploram desde i'm kurious orange.
erzatz gb (o titulo, só por si, é extraordinário) confirma os fall como melhor banda do universo não só por tudo o que fizeram até aqui, mas também por aquilo que são hoje. take off!

1 comentário:

Gravilha disse...

notas:
laptop dog segue-se a monocard, e não o contrário. é um bom single, mais acessivel que as demais musicas do album. vive melhor só por si, isoladamente. é uma boa escolha, se bem que taking off, a ser lançada em single, seria ou será, um dos melhores singles dos fall de sempre.