s. f., gravilha@gmail.com

quinta-feira, abril 24, 2008

Ich warte mit geschlossenen Augen

Mais que uma coincidência de datas nas apresentações de Porto e Braga, há um paralelismo nos percursos dos Mão Morta e Einstürzende Neubauten que, dada oportunidade que a coincidência desperta, se assinala por aqui.
Pelo percurso de independência em relação à industria, pela substância literária, pela visão tão própria do mundo ou dos mundos que nos revelam, pela interdisciplinaridade e intercambio e incursões e alargamento das fronteiras (ao teatro, ao vídeo, etc.) do universo pop/rock. Pelo carisma dos vocalistas/letristas/principais mentores, pelas diversas alterações nos line-up’s, pelas incursões em universos musicais comuns, pela evolução do som – para uma mistura de electrónica com guitarras pesadas a partir de rock “industrial” no caso dos Mão Morta e para uma mistura de electrónica com elementos industriais a partir da invenção do próprio rock industrial, no caso dos Neubauten.
Pelo urbano, pela politica, pela literatura, pelo negro, pelo fio da navalha.

Os Mão Morta levam a palco no Theatro Circo em Braga, dia 3 de Maio pelas 22:00, a ultima de 10 apresentações de Maldoror, espectáculo multimédia baseado na obra do Conde de Lautréamont. No mesmo dia, e quase á mesma hora, sobem a palco na Casa da Música os Einstürzende Neubauten, para a apresentação de Alles Wieder Offen, o mais recente e, provavelmente, - embora não o mais radical/inovador - melhor disco da banda. Os locais parecem ter sido escolhidos a dedo.
É bom poder escolher, mas a escolha é difícil. Fico no Porto, só porque tenho a sorte de ter vivido Maldoror, o espectáculo ao vivo, por 2 vezes.
Escolham!

quinta-feira, abril 17, 2008

She Sells Sea Shells



Elle s'appelle - Little Flame

sábado, abril 12, 2008

Cancel on me again

Não são a novidade da semana, mas antes que o tempo se esgote e fiquem para trás e até porque já estão há demasiado tempo em bufferBombay Bicycle Club.
4 teenagers de Londres / South East, UK, 2 EP’s na rua, The Boy I used To Be e How We Are ambos de 2007 e com selo próprio, a Mmm… Records. Simples e rápido, 4 canções cada, qualidade acima da média, nenhuma para se deitar fora.
Se quiserem uma Polaroid da música, eu diria que são uma espécie de Maccabees com um vocalista com um timbre próximo do Devendra Banhart. Parece interessante. (e é!)
Os 2 EP somados dariam um excelente LP; louve-se no entanto a escolha do formato – que é, aliás, um dos formatos mais apelativos nos dias que correm, se tivermos em atenção a) a duração em minutos, que permite dosear adequadamente o conteúdo, em especial às bandas mais novas - o que nalguns casos nos poupa a uma data de palha com que somos “presenteados” no formato LP b) a capa – vinil 12 polegadas – forma complementar de expressão artística

Why a band called Bombay Bicycle Club?...
WHY NOT?

Deitem-lhe a mão!

sexta-feira, abril 11, 2008

You Little Superstar Yeah Baby That's What You Are

Os Avenging Force são um power-trio eléctrico no sentido mais Electrical Audio do termo; vindos (ou idos) de Liverpool, gostam dos Who (hey, ninguém disse que são perfeitos!) e acabam de gravar o album estreia "with" Steve Albini, em Chicago. 35 minutos "com" o mestre. O LP tem o selo Sea Records; espreitem por lá, há outras coisas engraçadas.

Avenging Force are not pissing with irony, fashion or computers: this is a band committed to the riff, dedicated to the rock how it used to be made - when men were men and amps were amps, and drummers twatted their drums like their lives depended on it.

quinta-feira, abril 10, 2008

I'm a killer but I've never started a war


Lesser Demons é o follow-up do genial Ears Like Golden Bats pelos imperdiveis My Teenage Stride . Um EP com 5 canções novas, disponível, numa primeira fase, apenas via emusic.

What’s most remarkable about Lesser Demons is that, rather than just being a stopgap or a time-filler, it actually finds My Teenage Stride solidifying their own identity. A few people were uneasy with how proudly Ears wore its influences; Demons takes a giant step away from Jed Smith’s record collection. “Theme From Teenage Suicide” may be the best song the band has ever written: it’s bracing and breathless and sarcastic and has the kind of hook that you remember after only one go-round. All five of these songs are winners, from the haunted mansion rattle of “The Loud Confessor” to the hyper-pop of “Skin Lieutenant”. Lesser Demons finds them speeding along even faster.

Joe Reddington, You'll Be The Death Of Me

LET’S WRESTLE LET’S FUCKING WRESTLE
GET YER CRACK PIPE OUT BABY AND LET’S START A FIGHT
LET’S WRESTLE LET’S FUCKING WRESTLE
GET YOUR HIGH HEELS ON AND LET’S DANCE ALL NIGHT

São 3 putos de Londres e se bem que no Myspace falem de uma data de influências, a mim soam-me a uma mistura dos Wedding Present pre-George Best com os Dinossaur Jr. de Bug e uns pozinhos dos Strokes. Bom código genético, portanto. Há energia e juventude a rodos e há a estreia em formato EP (além de uns quantos singles) que dá pelo nome de In Loving Memory Of… pela já aqui mencionada Stolen Recordings.
Let’s fucking wrestle.

sexta-feira, abril 04, 2008

Ghost in the trees

Há pelo menos 2 formas de ouvir o álbum estreia dos Thee Oh Sees:
- a mais imediata, tem a ver com o garage, com os velhos Cramps a olhar de soslaio para as velhas Breeders e a piscar o olho aos Sons and Daughters. É inevitável e é imediato.
- outra, é pegar no percurso de John Dwyer e tentar perceber o que aconteceu até aqui: dos tempos do duo Pink and Brown (Dwyer era Pink), parentes west coast dos Lightning Bolt que demoliram caves já pouco inteiras na Bay Área (S.Francisco e arredores), pouco se vislumbra; dos Coachwhips ficou o garage, a atitude punk e o rock facção indie 80’s-90’s. Se a isto acrescentarmos os efeitos echo/reverb da voz e guitarras que os Hospitals nos atiraram à cabeça em I've Visited the Island of Jocks and Jazz e tivermos ainda em consideração as mutações genéticas que precederam The Master’s Bedroom is Worth Spending a Night In – a saber: OhSees, OCS (Orinoka Crash Suite) e uns quantos outros – se calhar temos um caminho diferente para um mesmo resultado – ou um resultado transmutado, reconfigurado.
E neste caso, o que importa mesmo é o resultado.
Thee Oh Sees - The Master’s Bedroom is Worth Spending a Night In
2008, voodoo-garage cerebral.