saio do metro de mochila às costas e máscara na cara, concentrado nas previsões sobre a poluição para o dia seguinte e nos avisos sobre as ruas cortadas ao trânsito por causa dos sismos que se repetem com frequência. está um calor que já trespassa o fato protector feito de fibras que impedem que a pele se queime; acelero o passo, fujo. à volta das cidades só há desertos, a atmosfera é feita de fumo, não se vê um palmo à frente dos olhos. o mar é negro, a praia parece feita de rocha vulcânica. subo de elevador ao vigésimo quarto piso; a porta reconhece-me a retina e abre-se a um pequeno cubiculo onde o que foi funcional tem agora um ar desarrumado, humano. encho a banheira de água reciclada, acrescento o gel purificador e o gás que a arrefece. desligo o televisor e deito-me na cama líquida e fresca. escolho a música.
sinto então, que o coração recomeça a bater.