s. f., gravilha@gmail.com

domingo, novembro 27, 2005

Fright Makes Right












The Hospitals - I've Visited the Island of Jocks and Jazz
Trazem de S.Francisco sacos de noise carregado de eco e delay numa estranha cacofonia onde guitarra em distorção e bateria formam tanto o muro que esconde uma amalgama de palavras deformadas diluídas em ácido e mercúrio, como se escondem na cave de uma casa abandonada, protegidas pelo eco de megafone em piloto automático e estática de 3 postes de alta tensão.
Daydream Nation low-key alucinado; Fear and Loathing in Las Vegas versão Load Records.
A não perder – 6-Dez-05 Pontevedra; 7-Dez-05 ZDB, LX

Coughs - Fright Makes Right
Ritmo e percussão Swans era Filth, voz Buthole Surfers U.S.S.A. vómito Michael Gira feminino a condizer; sax a relembrar que são um sexteto, mas não jazz; noise e caos, Sonic Youth.
Mas o que é que faz aqui um banjo???
Teletransporte de Chicago para Providence, RI, num dos mais estranhos e interessantes discos voadores dos últimos tempos – haja estômago para o encaixar.
"Give Peace a Chance" - "…Kill! Kill! Kill! Kill! Kill!..."

domingo, novembro 20, 2005

If not now, when?

Electrelane na Casa da Musica? (!!!)


A_noticia surgiu na sexta feira, aqui ao lado no Juramento sem Bandeira, e é uma grande noticia: Electrelane na Casa da Musica a 10 de Dezembro!
É mesmo dificil de acreditar!
Ainda não há qualquer confirmação oficial, mas ao que parece a primeira parte será assegurada pelos canadianos Les Georges Leningrad.
Aguardam-se ansiosamente confirmações nos próximos dias.

Entretanto, e num palpite do amigo Bruno, segue um link bem interessante. Ainda há quem duvide da teoria dos seis graus da separação?

Whitelightgenerator

Ladytron - Witching Hour

Estou viciado neste disco!
Não é o meu tipo de som, digamos assim, mas não lhe consigo resistir! Ponham de lado os vossos preconceitos em relação a este tipo de sonoridades (se é que os têm) e gozem um dos melhores discos pop dos ultimos tempos!

quinta-feira, novembro 17, 2005

(I’ve Got A) Right to Cry


Okkervil River - Black Sheep Boy
Shearwater - Winged Life
Micah P. Hinson and the Gospel of Progress - Micah P. Hinson and the Gospel of Progress
Blood Meridian - We Almost Made It Home

Amor, ódio, desespero, dor, medo, culpa, melancolia, tragédia, morte, solidão, vida.
Pinturas a negro, não importa se dark americana, se alt-country ou se outra coisa qualquer; quatro grandes discos feitos de canções lindíssimas. Para noites frias e dias de chuva.

domingo, novembro 13, 2005

Icebreakers


Xbxrx – Sixth in Sixes
Guitarras a arder, bateria alucinada, voz Bon Scott em hélio, punk, hardcore, débito acelerado. Caos, Apocalipse, o declínio da Civilização e a Sexta Extinção. O ruído é a marca num primeiro olhar, mas repetidas audições focam extraordinário e revigorante conteúdo. Eco de concertos inesquecíveis; banidos no Canadá, Sunnyvale, CA e Mobile, AL, a terra que os pariu. Cheira muito bem. Polyvinyl.
Todd - Purity Pledge
Rock negro a roçar o metal, sem nunca resvalar para zonas perigosas. Black Sabath talvez, mas há por aqui rasgo Mclusky; indie-punk-rock pesado do mais imaginativo e interessante que tenho ouvido. Excelentes vozes, especialmente quando cruzadas com a de Emmylou Sunshine. Segredo muito bem escondido herdado de 2004. Os Comme Restus podiam tentar fazer um disco assim.
Wives – Erect the youth problem
Hardcore Punk Washington DC em versão adolescente, produção nua e crua em que parece que cada instrumento é tocado à vez. Pára-arranca em ritmo avariado, guitarra amarga e voz distorcida, magoada pelos pequenos-grandes problemas da idade. Adivinham-se teatrais rastejos em palco. Ainda assim sabe bem (e inspira revisita aos Fugazi).
Cursive - The Difference Between Houses and Homes
Colectânea de singles aparentemente esgotados, The Difference Between Houses and Homes, funciona como apetitosa introdução aos Cursive para os mais distraídos como eu, mas acredito que os atentos ao percurso da banda de Tim Kasher encontrem por aqui igualmente motivos de interesse. Apetite aberto para disco de originais com parto previsto para 2006.

domingo, novembro 06, 2005

Step Into The Light

The Clientele – The Violet Hour
The Clientele – Strange Geometry












Conheci os Clientele há cerca de 2 anos aquando da edição de The Violet Hour, o primeiro álbum de originais. Desde então o disco foi companhia constante; apreciei o seu encanto vezes sem fim, as guitarras de uns certos Felt, a melancolia e a intensidade dos Galaxie 500; mas o que de facto faz a diferença e distancia os Clientele destas 2 referencias é a voz de Alasdair MacLean, sussurro em eco que nos faz viajar para os anos sessenta, para um tempo em que as horas passaram mais devagar, em que o sol acompanhava as canções de bandas pop muito direitinhas e melodias como estas enchiam os dias e os corações de gente nova cheia de ilusão e ideais.
O novo Strange Geometry é uma subtil evolução do mesmo som de Violet Hour, mais rico nas melodias, mais apurado nas guitarras e ainda mais envolvente, talvez pelas cordas, pelos coros e pelo orgão (também ele Felt).
Curiosamente, e depois de algumas audições deste segundo álbum, voltei a ouvir The Violet Hour, e se bem que o disco continue a soar tão bem como antes, percebi que Strange Geometry é ainda melhor.
Mergulho obrigatório numa viagem mágica e sem fim com uma banda extraordinária e intemporal.
“London has been called the city of encounters; it is more than that, it is the city of resurrections” – Arthur Machen, 1894

terça-feira, novembro 01, 2005

1º de Novembro

Porque este dia nunca mais foi o mesmo depois de ter ouvido isto:

Um traço, um berço
Dois destinos que se cruzam na lonjura da distância
Erva fálica pelo caminho
Distúrbios, subúrbios
Automóveis ferrugentos desenhando o horizonte
Os paralelos asfixiam a alma
Solidão, saudade
Romagens, romaria aos queridos defuntos
Carcaças abandonadas ao passado
Lágrimas, fábricas
Tempo invernoso sublinhando a ausência
A música ouve-se triste
Solidão!Saudade!Romagens!Romarias!Solidão!Saudade!Queridos!Defuntos!

[Adolfo Luxúria Canibal / Miguel Pedro]

A Valentine Mouth, a Real Sound

Sybris – Sybris

Faz hoje precisamente um mês desde que me chegou às mãos o precioso objecto que dá pelo nome de Sybris; confesso que logo às primeiras audições, a impressão foi muitíssimo boa e desde então o disco teria de ter um espaço reservado na Gravilha. Mas das diversas vezes que tentei fazê-lo a tentativa caiu invariavelmente pela raiz, porque preferi sempre ouvi-lo, e não tenho dúvidas que para mim, e num caso – ok, é extremo! Mas mesmo assim… - como este, é melhor ouvir que escrever acerca de. Não exagero ao afirmar que nestes 31 dias que entretanto decorreram, ouvi o disco todos os dias, e em alguns deles, a repetição multiplicou-se por 6.
As referências falavam em Yeah Yeah Yeahs, compreendo, mas eu aqui consigo ver (por composição genética, digamos) muito mais Siouxsie – pela voz , pela bateria e também pelo preludios – guitarras (que guitarras!) dos primórdios Cocteau Twins e dos My Bloody Valentine, mas não só. As letras, na boca da Angela Mullenhour, são muito pessoais, introspectivas até, comoventes pela forma como nos abre as portas do seu precioso mundo e como rapidamente nele nos imaginamos nós.
Um álbum sem pontos baixos, o único defeito é que por ser tão compulsivo, nos deixa sem tempo.
Mais uma obra-prima; certidão de nascimento de Chicago, IL - emitida em 2005.
Para ouvir à noite, de preferência.